como eu aproveitei.
Tive a sorte, o presente divino, de ter primos mais novos na família. Isso alongou minha infância ao máximo.
Quantas tardes de sol e quantos banhos de chuva! Futebol de arrancar a tampa do dedo mindinho e vôlei de pontos infinitos. A alegria sublime de armar a piscina quadrada no quintal com dois dedos de água dentro. As invenções, as histórias, as descobertas.
Fiz música pra uma joaninha, caí de bicicleta, skate, patins e muro alto. Recebi e dei apelidos sem ter noção do que viria a ser bullyng. Usei a imaginação sem dó, piedade ou moderação. Fui chefe de um clubinho! Meu orgulho infantil! E fui escoteira também, a experiência que fez quem eu sou. Que me mostrou a natureza e os animais. Me deu as lembranças mais bonitas.
Eu fui criança, plenamente. Pé no chão, navio pirata de papelão, bananas de pijamas. Acompanhei o ritmo dos meus primos mais novos. Enquanto todas as outras meninas arrumavam namoradinhos, eu juntava dinheiro pra descolar uma beyblade menos destruída que a minha.
Ganhei brinquedo de dia das crianças até os 15.
E, olha, não há sensação melhor do que a de olhar pra trás e ver que nunca quis crescer logo. Sempre achei que ser criança é a coisa mais legal e certa a se fazer quando se é criança. Viver cada fase em seu devido tempo é essencial. E ser um pouco criança em todas elas também.
Eu sou. Não recuso uma amarelinha, um pipa, um esconde-esconde. Acho que minha infância esqueceu de passar.
Assim que é bom. O mundo seria um lugar bem mais bacana se todos tivessem dentro de si a beleza da criança que foi um dia.
Não gostou do meu texto? Tô fazendo careta pra você! :P
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