quinta-feira, 22 de maio de 2014

Reclamações e sessão da tarde

Ah, como a gente nada sem saber que o destino é encalhar. Já faz tempo que me encontro na areia, completamente paralisada, analisando minhas numerosas decisões a serem tomadas, dilemas, sonhos e viagens sem nexo. A areia é metafórica, pois, se eu estivesse mesmo na praia, pelo menos estaria penando ao sol. Mas não, tudo o que me cerca são paredes e pisos brancos que urgem serem limpos diariamente. E patas, dentes, pelos caninos indo na contramão - um capítulo à parte.
Até escrever tem me custado. Minha criatividade está abalada, meu desânimo em alta. O que dizer sobre escrever quando até ir à padaria me cansa.
Hoje é meu dia de reclamar, sim senhores, pois eu também tenho este direito. Afinal, este ciclo de "não faço nada porque não consigo e não consigo porque não faço nada" é de matar. Psicologicamente, fisicamente... Estou acabada. Nem meus planos absurdos estão dando conta... Terrível.
Fico procurando um canto, vendo filmes repetidos e evitando os livros. Me arrasto pra lá e pra cá tentando me convencer de algo - qualquer coisa - : sem êxito. Invento tiques, não produzo, imito, me desespero e logo em seguida me desmotivo. Vou pensando em fórmulas pra sair de vez desde labirinto e ao mesmo tempo me perguntando quanto tempo vai demorar.
Aí já quero ser criança outra vez.
Ou envelhecer no rg o que envelheci nas pernas e na cabeça. Assim, num plim! acordar depois de uma bela avançada no tempo.
Veja só que ideia de gente que não tem o que fazer.
E lá vou eu pro meu armário, repetindo "30 a idade do sucesso". Tudo o que cai na minha cabeça é uma montanha de poeira e o único acontecimento extraordinário é uma avalanche de espirros.
 Continuo com 20, ferrada e sem perspectivas.
A vida não é sessão da tarde.
E, se fosse, o pó mágico me transformaria numa mulher de 30, ferrada e sem perspectiva.
Aposto.


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