sábado, 20 de setembro de 2014

Flores de plástico

Quem quer ser flor de plástico pra se tornar imortal? 
Deixar de ser, ver, ouvir e sentir pra viver imune à vida. 
Que graça tem?
Vão-se as tristezas mas junto vai a alegria. 
As dores de uma flor de pétalas e espinhos não existem, mas o brilho também não. 
Todo rosto corado passa por um banho de lágrimas leitosas pra se hidratar. Sem a chuva preparatória o sorriso resseca no ardor do sol. 
O beija-flor pode incomodar com carinhos roubados e inconvenientes mas quem trocaria sua beleza por um espanador de pó? 
Flores de plástico acumulam poeira. 
As outras se deixam voar junto com o vento.
Quem então escolheria ser flor de plástico pra ver o mundo passar da mesa de centro de uma sala vazia?
E eu respondo: muita gente. 
Você certamente conhece, eu também, assim como já fui uma. 
A gente acha que fugir da injeção é escapar da dor, e não percebe que assim se aproxima da doença. Troca a dor momentânea por uma maior. 
Viver é a melhor maneira de aprender a viver. Encaremos a dor sentindo-a. 
As flores de plástico são eternas. Porém solitárias em sua exclusiva existência que não ramificou. 
Somos mortais, mas podemos dar frutos. 
Entretanto, deixar sementes exige sacrifícios. Com a delicadeza e força da flor, naturalmente desprendida do mundo, vamos aprendendo o ciclo. Tentar sucessivamente, ao sabor da brisa em cada primavera, a se renovar, despertar e fluir.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Tempo de chover


Nem sempre a gente quer alguém que nos console.
As pessoas tendem a acreditar que a atitude correta é enxugar avidamente as lágrimas do queixoso e dizer que no final tudo acaba bem, que todo mundo tem seus problemas e "bola pra frente".
Nem sempre.
Às vezes a gente simplesmente não está a fim de ser otimista. É necessário, e purificador, ter um espaço para tão somente desaguar.
Sem mais delongas e explicações, conformismos e frases de efeito.
Deixe que a minha mágoa escorra e corra livre pelos meus poros.
Que o meu cansaço seja escoado para que não me esgote.
Que seja sem jeito, irremediável, dolorido enquanto dure o infinito de uma crise. Uma seção de soluços, assoar de nariz e dor de cabeça.
Seguido de um suspiro e, só aí, o retorno à margem da razão.
Mas antes disso, por favor, deixe minha tristeza transbordar.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Música: Morena



Já tenho algumas músicas de covers postadas no YouTube, mas essa, é minha. Minha cria, uma música que fiz e tenho muito carinho por ela pois é um marco do início da era da felicidade na minha vida. Pois bem, esta aí pra vocês. Em breve vou postar muitas outras, começando pelas já registradas... Hum... falei demais!
Conheçam o meu som, que diz muito sobre mim.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

O armário


Ele tem portas de vidro,
Porém mais frágil é meu coração.
Se eu assoprar nada acontece,
Mas uma palavra pode ser o fim
Ou o começo
Ou uma revolução.
Tem gente aqui dentro comigo
Tem gente lá fora gritando
E eu sei quem finge não existir.
Esse armário
Essa amarra
Esse amar
Esse ama
Ama ela
Ama sim.

Me dá a mão?
Não cumpra o que você promete a cada palavra chula
Apenas me ouça
Me ame
Me solte
Se desprenda
Aprenda comigo!
Me ensina mais sobre você
Me traz pra perto
Não quebra essa porta que ela é frágil
Porém não mais que meu coração
Abre com cuidado
Me deixa chorar
Me desagua
Aprende a gostar de mim
Assim
Assim.

Escuta meu coração
Escuta meu som
Coroa meu sim
Me tira da margem.
Se não der agora, eu espero
Saio devagar pra não doer tanto
Até o dia em que você quiser reler
E aceitar minhas linhas
E me dar a mão
A cabeça em pé.
Eu espero
Mas vou esperar vendo a luz do sol
Vou te mostrar que só é possível ser feliz
Sendo quem se é.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Reclamações e sessão da tarde

Ah, como a gente nada sem saber que o destino é encalhar. Já faz tempo que me encontro na areia, completamente paralisada, analisando minhas numerosas decisões a serem tomadas, dilemas, sonhos e viagens sem nexo. A areia é metafórica, pois, se eu estivesse mesmo na praia, pelo menos estaria penando ao sol. Mas não, tudo o que me cerca são paredes e pisos brancos que urgem serem limpos diariamente. E patas, dentes, pelos caninos indo na contramão - um capítulo à parte.
Até escrever tem me custado. Minha criatividade está abalada, meu desânimo em alta. O que dizer sobre escrever quando até ir à padaria me cansa.
Hoje é meu dia de reclamar, sim senhores, pois eu também tenho este direito. Afinal, este ciclo de "não faço nada porque não consigo e não consigo porque não faço nada" é de matar. Psicologicamente, fisicamente... Estou acabada. Nem meus planos absurdos estão dando conta... Terrível.
Fico procurando um canto, vendo filmes repetidos e evitando os livros. Me arrasto pra lá e pra cá tentando me convencer de algo - qualquer coisa - : sem êxito. Invento tiques, não produzo, imito, me desespero e logo em seguida me desmotivo. Vou pensando em fórmulas pra sair de vez desde labirinto e ao mesmo tempo me perguntando quanto tempo vai demorar.
Aí já quero ser criança outra vez.
Ou envelhecer no rg o que envelheci nas pernas e na cabeça. Assim, num plim! acordar depois de uma bela avançada no tempo.
Veja só que ideia de gente que não tem o que fazer.
E lá vou eu pro meu armário, repetindo "30 a idade do sucesso". Tudo o que cai na minha cabeça é uma montanha de poeira e o único acontecimento extraordinário é uma avalanche de espirros.
 Continuo com 20, ferrada e sem perspectivas.
A vida não é sessão da tarde.
E, se fosse, o pó mágico me transformaria numa mulher de 30, ferrada e sem perspectiva.
Aposto.


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014


Quando as luzes iluminaram o céu, me deixando boquiaberta, eu agradeci pelo ano que passou ter sido tão bom. Nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar como seria... Antes de pedir que o ano que se inicia fosse tão bom quanto o que passou, eu procurei buscar na memória o diferencial que tinha feito desse 2013 tão especial. Cheguei a conclusão de que nada caiu do céu. Eu tive que me esforçar, fazer escolhas importantes, e seguir o meu coração. Abri mão de várias coisas para que pudessem vir outras. Mais verdadeiras, mais leves. Descobri que o que faço de melhor é ser exatamente quem eu sou.
Eu não me deixei abater. Levantei quantas vezes se fez necessário e sorri.
Sim, a vida me trouxe pessoas incríveis e momentos inesquecíveis mas se eu não tivesse aberto as portas para a novidade, poderia ter sido bem diferente. Eu poderia ter jogado tudo fora. E depois no fim resumir os 365 dias passados como ruins.
É por isso que não peço nada além de força e sabedoria. Para aguentar os trancos da vida e saber tomar decisões acertadas. E se errar, aprender, consertar.
Que venham muitos desafios, começos, tempestades e gargalhadas! Eu estarei sempre pronta.

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