segunda-feira, 6 de maio de 2013

Amanhã

O telefone da sala continua tocando
Tem fumaça e o seu hálito fresco impregnados na minha memória
Tudo em mim são restos
Algum objeto no chão do carro que eu não consigo identificar
Meu pensamento está sempre distante
Tenta decidir onde quer ficar, que lembranças sorver
Meu queixo e aqueles ombros
Uma visão quase entorpecente
Mas me lembro do calor no meu pescoço, o delírio
E não sei de que lado da realidade quero ficar
Os discos estão espalhados pelo chão
Ouvi suas músicas até me esquecer de mim
Sou feita de resquícios de dias e noites
Que foram tão intensos e sublimes que me fazem duvidar da minha lucidez
Mas são divididos em dois
E sairão arrastando pedaços
Qualquer que seja a decisão
Serão planos desfeitos, detalhes quebrados irreparavelmente
Deixo o telefone tocar e adio o inevitável
Assisto o tempo se esvaindo
São horas soltas
Já perdi sem contestar
O amanhã vai ser só um, com cara de meio
Covarde e egoísta,
Eu sei.

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